sexta-feira, 25 de junho de 2010

O que eu perdi ???

       Um tempo atrás, encontrei um garotinho triste sentado no banco da praça. caminhei até ele, mas quando viu que eu me aproximava saiu. Pobre coitado! Parecia tão triste, sozinho e com fome.
      Votei pra casa e no caminho decidi que deveria entrar na padaria mais próxima e comprar um pedaço de bolo de chocolate, não estava com fome, mas mesmo assim porque não. Ao entrar no estabelecimento corri para as vitrines, mas não consegui comprar, quando olhei o bolo repleto de chocolate granulado e calda de chocolate me lembrei do garoto. Saí de lá e fuii imediatamente embora.
     No outro dia saí de casa para o trabalho, mas o garoto não saía dops meus pensamentos, Então, no final do dia decidi tomar o mesmo caminho, lá estava ele no mesmo banco. Fui chegando próximo sem que ele percebesse e disfarçadamente sentei a seu lado.
   ___ Olá garoto! disse num tom suave, tentando não demonstrar a ansiedade.
   ___ oi dona! ele respondeu num tom frio.
   ___ Vi você sentado aí sozinho ontem e resolvi voltar para vê-lo novamente.
Ele me olhou e a certo ponto vi um olhar meigo que ia se tornado cada vez mais triste. Aí ele disse.
   ___ Não precisa se preocupar comigo, dona. Aliás, ninguém se preocupa, ainda mais a senhora.
   ___ Vamos fazer o seguinte - disse num tom mais alegre. Me chame de Eduarda. e você como se chama?
   ___ João, le respondeu.
   ___ O que faz aqui, João?
Ele me olhou com um olhar que mais parecia que algo muito mais sério eu havia perdido com essa minha necessidade enorme de trabalhar e acumular bens materiais. Então enquando eu tentava entender ele cortou meu pensamento e disse:
   ___ Eu moro aqui.
EW u não precisava perguntar mais nada, aquilo passou por mim como uma faca cortando meu corpo, eu gastaria um tempo para digerir essa informação. Tendo a impressão de eu teria uma pontada de medo, ele logo se levantou e afastou-se pedindo para que eu não tivesse medo. Eu compreendi a dor que passavam seus olhos e sem pensar respondi:
   ____Não estou com medo, só fiquei assustada quando você disse que aqui é sua casa.
   ____ Desculpe dona Eduarda ( ele logo emendou), Mas esse é o meu lugar.
A dor da facada não saía de mim a cada palavra, como podia eu pensar em mim mesma todos esses anos sem sequer enxergar o que se passava tão próximo de minha casa; Com a voz falhando por causa da dor disse:
  ___ Quantos anos tem :? ( com aquele tamanho já deveria estar na escola)
  ___ Eu tenho 8 ( ele respondeu e continuou) eu tinha seis anos quando meus pais perderam nossa casa numa enchente, era simples, mas eu não me importava, porque eu tinha pai e mãe. Ei! me desculpe por falar assim, a senhora deve estar...
  ___ Prossiga ( cortei imediatamente)
  ___ Meus pais já eram bem velhinhos e minha mãe morreu logo que perdemos tudo. Eram as únicas coisas que tinha. meu pai coitado, continuou cuidando de mim como podia, mas não tínhamos uma casa e por causa disso ninguém lhe dava emprego, imagine um velho, com um filho e sem casa! ( fiquei surpresa ao vez o quanto um garotinho de 8 anos sabia sobre a vida). Meu pai morreu tem 6 meses, já velho não aguentou passar fome e frio, e desde então, aqui estou. E se aprendi com meu pai o significado de humilhação é o que passo todos os dias tendo que pedir comida para sobreviver, porque ninguem aqui dá emprego a um garoto.

Ouvi aquilo  enaquanto me lembrava da minha infância nio interior, tendo tudo que queria. Não sei de onde me saiu a ideia, mas antes que pensasse sobre ela, soltei;
__ Você gostaria muito de uma lar, não é mesmo ( que pergunta idiota)
___ Esse é meu sonho, dona. (nos seus olhos eu podia ver a esperança) mas para mim é impossível ( ele completava enquento seu semblante descaía) não existe como.
___ Venha comigo. Eu disse a ele já estava para anoitecer, viramos a esquina e dei de cara com a padaria, entramos e comprei o bolo de chocolate, entreguei e ele recebeu como se ganhasse um trofeu. Ele começou a comer com tanta satisfação que até me alegrou. Ainda dava tempo de comprar umas roupas e calçados e agendar uma consulta com um médico. Antes de voltar passamos na delegacia, contei ao delegado a história e perguntei se não seria mal eu levá-lo pra casa e tomaríamos as providencias cabíveis no outro dia. ficaram de me procurar no dia seguinte.
Levei-o pra csa, ele ficou encantado. Eu planejei tudo para minha vida, tinha um quarto pra criança que preparei para os meus sobrinhos, mas perdida em mim, nunca pude convidá-los. Enquanto joão tomava banho, liguei para Plínio, meu namorado e pedi que me encontrasse no restaurante de sempre no mesmo horário. Enquanto nos dirigíamos para lá, eu observava João, encantada com a beleza dele, até encontrei algumas semelhanças com Plínio. Ao contrário do que imaginei Plínio o tratou muito bem, imaginei que ficaria receoso. Plínio perguntava tudo sobre ele  e enquanto conversavam eu pensava no quanto havia sido hipócrita, como pensar só em mim se haviam pessoas tão lindas. Na volta João pediu a Plínio que contasse uma história para ele dormir, por que o pai dele sempre fazia isso e ele pensava nelas todos os dias. Plínio não negou seu pedido, ele dormiu tão feliz que fiquei com medo do que poderia acontecer se eu me apegasse muito a ele e não pudesse tê-lo. Falei em adotá-lo com Plínio, já pensávamos em nos casa mesmo, porque não já tendo um filho. Plínio já estava encantado com João, não consegui negar. Tirei uma folga no serviço, coisa que não fazia a anos, cuidando do meu patrimônio. Matriculei João numa escola particular enquanto corria os tramites da adoção. Minha vida se completou com João. Os dias se passaram e a espera me consumia, finalmente algum tempo depois João se tornara meu filho e de Plinio. No mesmo dia ao dar a notícia a João ele nos chamou de pai e mão. Aquilo era tudo pra mim, como não senti falta disso antes. Eu tinha agora dois homens adoráveis!hoje, sou muito feliz! tenho um filho e o mais mais importante João não tem só uma casa, tem um lar com pai e mãe que o amam de verdade. João é um garoto inteligente e esperto.
Ele sempre diz: Mãe, estou  tão feliz! Sou menos 1 das milhares de crianças abandonadas no Brasil, agora tenho mãe pai e um lar. Te amo mãe!
Como não ser feliz assim!